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O fim da Gestão Escolar

Foto do escritor: Rita StanoRita Stano

 

Estou tentando entender as razões de se privatizar ou terceirizar a Gestão Escolar. O argumento econômico? Desonerar folha de pagamento do mais rico Estado Brasileiro? Há, em determinados nichos ideológicos, a rejeição ao trabalho do Estado em áreas que são fundamentais para o país, que passa pelo discurso neoliberal de que o Estado tem que se ausentar para que a qualidade do serviço prestado à sociedade melhore. Em áreas como saúde e educação, esta postura deflagra uma série de situações incompatíveis com as necessidades da população. A garantia de uma Educação de qualidade passa pela importância dela na vida das pessoas, muito diferente do que o mundo da produção. Conhecimento, como matéria-prima dos processos educativos, não pode ser considerado um produto e nem pode ser gerido de maneira fragmentária em todo e qualquer estabelecimento de ensino.

Ao se propor a privatização ou atividade para terceiros(fora da escola) numa instituição educacional indica o desconhecimento do processo ali conduzido, desenvolvido e das intencionalidades que permeiam toda e qualquer educação formal.

Toda gestão administrativa da Escola apresenta-se como parte integrante e sistêmica do funcionamento escolar. A gestão administrativa não acontece sem o entrelaçamento com a gestão pedagógica, orientada por um Projeto político-pedagógico elaborado por cada escola. Tal projeto representa a intenção das ações pedagógicas, das atividades institucionais correspondentes às prerrogativas teórico-práticas que orientam os planos de curso, de aula e de projetos interdisciplinares. Ao deslocar a gestão administrativa para uma empresa especializada (em quê?), faz-se da escola uma organização como qualquer outra, desconsiderando a especificidade e complexidade da dinâmica escolar e dos sujeitos que a fazer ser uma escola e não outra coisa. Ademais, a gestão administrativa, sendo realizada por uma empresa que ganha licitação e que atenderá várias unidades escolares corre, também, o risco de homogeneizar um conjunto de escolas, tornando-as equivocadamente iguais em necessidades, potencialidades, desafios. Cada escola, inserida em realidades diferentes, com aportes diferentes de pessoal, precisa de aspectos administrativos que serão únicos para uma ou para outra unidade escolar.

Atos político-administrativos como este atestam a desimportância dada à Educação e seus desígnios. Mostra, ademais, que o que se faz em Educação é gasto e não investimento numa área que é primordial para a sociedade brasileira. É a imposição de um jargão administrativo que nem sempre dialoga com as questões pedagógicas. É desvalorizar as experiências acumuladas por profissionais da Educação que lidam com a dinâmica escolar e que tem um conjunto de teorias e práticas correspondentes às complexas questões de toda gestão administrativa própria da instituição escolar.

Fragmenta-se a Educação. Fortalece-se um poder alheio à escola. Desvaloriza os profissionais que conhecem as nuances da escola. Retira a possibilidade de escolha e o exercício democrático dos sujeitos da Educação. Uma forma sutil de controle, maneira medíocre de pensar a melhoria da Educação Pública. Lastimável.




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