Refiro-me ao lenço que, antigamente, os homens usavam em algum bolso de seu terno ou de sua calça social. Destes lenços que são sacados rapidamente para amainar o choro de alguma mulher. Era o uso que se fazia dele. Hoje, é raro algum homem carregar algum lenço em sua vestimenta diária. As formas de agradar ou jogar charme e gentileza já são outras. Não vou discorrer sobre isto.
Quero pensar no lenço como metáfora nas práticas de ensino. Penso aqui em uma docência que tem a escuta, a sensibilidade e o olhar aguçado como elementos principais da relação pedagógica. Visualizo o lenço sendo acionado quando o/a aprendiz emite algum sinal de dor, seja pela queixa explícita, seja pelo silêncio que tanto diz, seja pela invisibilidade em que se esconde(ou é escondido). O lenço é lançado como gesto de compreensão, como desenho de amorosidade na relação pedagógica. Nem sempre, professor ou professora tem a resposta, tem a cura, tem a solução para a dor dos/as alunos/as. Mas, oferecer o lenço significa dizer “ te compreendo”, “ você não está só”. Lenço acolhe, lenço ampara, confortavelmente apazigua a dor. Pode ser um sorriso, um abraço, a escuta amorosa, o olhar que ampara. Lenço ajuda na humanização do encontro de sala de aula. Lenço é palavra, é voz, é o conforto do outro. Lenço é a mão que se estende, é voz que dialoga, é experiência que se compartilha.
Que a docência resgate o lenço e faça dele, gesto poderoso de empatia. Lenço que entrelaça mãos de gente com gente. Gente, lenço, sala de aula, humanização tão necessários para uma Educação emancipatória.
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