Diariamente, nas redes sociais, nos deparamos com cenas de indelicadeza, violência e agressões entre as pessoas. Por motivos torpes, como, por exemplo, uma buzina que um motorista acionou para alertar um sinal aberto. E, principalmente, muitos casos de racismo, diminuindo o outro e reduzindo-o à coisificação. Parece haver alguma licença para agredir, ferir, com gestos ou palavras, o outro, diferente de você. Há um processo pesado de se colocar no mundo como verdade absoluta, com certezas únicas e achando que o palco destas atrocidades lhe trará muitas palmas e apreços. Uma altivez absurda nos olhares, um modo imponente de destilar desinformação, uma maneira agressiva de menosprezar o outro.
Estas cenas vão se tornando corriqueiras, de tal forma que tornam-se naturalmente incorporada a um cotidiano que se mumifica e se desumaniza. Cenas de uma humanidade que se esgarça e se perde, sem problematizar, sem indagar se, efetivamente, é esta a melhor possibilidade de ser.
Pedagogicamente, precisamos trabalhar esses cenários em sala de aula, como caminho para o exercício de refletir acerca do mundo, desnudando as justificativas que estão sendo construídas a partir de um individualismo fundado na desrazão, na negação do outro como sujeito, na coisificação de pessoas. O currículo, como conjunto de conteúdo e atividades experenciais e de aprendizagem, deve se alargar para abrir atalhos centrados em valores como solidariedade, respeito ao outro, reconhecimento das diferenças e denúncias das desigualdades. Currículo a partir de um cotidiano que precisa ser desvelado, reposto e questionado em seus sinais de desumanização. Afinal, porque somos seres inconclusos, somos aprendizes sempre. Isto se chama esperança!
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