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Image by Annie Spratt
  • Foto do escritorRita Stano

A ESCOLA NÃO É MONOCROMÁTICA

Escola é lugar secular, acompanha parte da História da Humanidade. Instala-se como referência de conhecimento. Ali se consagram as Letras, os números, os mapas, as histórias que encantam e espantam. Lugar de dar traçado à vida, de abrir janelas para o mundo, respirar esperança, colorir paisagens, se gentificar com tantos Outros. Não é preparação para a vida, é a vida mesmo sendo processada, compreendida, ampliada. Seus momentos são vários, seus rituais permitem sua identificação. Dela trazemos lembranças, tantos casos tristes, inusitados, outros, alegres de aprendizado, de questionamento, de espanto. Ali a arte interpela a natureza, a ciência despe nossos corpos curriculares. Currículo aqui como caminho, estrada feita de terra ou asfaltada, misturando saberes, fazeres, sentimentos, formando o modo social de ser e de estar de cada um, de cada uma. Ali as ideias são discutidas, as teorias são estudadas, as práticas se interrelacionam com a ética.

 Escola é lugar de diversidade, porque os/as que a habitam vem de outras histórias, de outras esquinas que singularizam os olhares, os desejos, as formas. Por isto, o espaço escolar é plural, dinâmico, idiossincrático e cheio de possibilidades para o pensar, o saber, o fazer e o ser.  Nela, estão presentes a injustiça social, as desigualdades que nos ensinam o papel do ser humano no mundo e a esperança e luta por um lugar digno para todos e todas.

Como lugar de construção de identidades, não cabem limites. A escola precisa ter menos muros e mais cercas que a integrem à sociedade, que a tornem porosa para que a realidade seja compreendida, articulada com os saberes já constituídos. Não cabe uma escola que uniformiza crianças e jovens, que lhes impeça de serem o que querem ser. Regras existem para tornar o convívio um modo possível de mais aprender, de melhor se sensibilizar com as diferenças. Regras organizam o espaço, mas, se rígidas podem calar, podem promover uma violência disfarçada, aprisionada em intervenções ditatoriais, de verdades únicas, de subserviência acrítica.

 A escola é lugar de exercício da democracia, quando as novas gerações aprendem a participar, opinar, escolher, apreciar. É lugar de abrir gaiolas e apreender o sentido da liberdade responsável, consciente, justa. E os valores vão sendo tecidos a partir deste ambiente em que se exercita o respeito ao outro, o compromisso de aprender e a capacidade de se redescobrir humano. Não é lugar de imposição de voz, de aprisionar alunos e alunas em modelos preestabelecidos. Não é lugar para rotular o diferente, para pasteurizar comportamentos. É lugar de encantamento, de elaboração coletiva e de construção de olhares diversos sobre o mundo. Escola é lugar de aconchego, de amorosidade, de sistemáticas humanizadoras para o processo de humanização. Não deve haver tapetes neste chão. Tapetes disfarçam silêncios que deveriam ser expostos, questionados, discutidos e trazidos à luz pelo processo de gentificação. É isto. A disciplina que vai sendo elaborada no cotidiano precisa ser constituída pelo sentimento de pertencimento, de partilha entre iguais em suas diferenças. Para isto, a Pedagogia, como Ciência do aprender e do ensinar, forra o chão de tantas práticas, de tantas atividades planejadas e executadas por profissionais da Educação, devidamente preparados/as para fortalecer a Escola como lugar sagrado de ser e de estar. E, um lugar que não cabem fardados e enfileirados. Cabem aprendentes e ensinantes, democraticamente, pedagogicamente menos verdes e mais coloridos.




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